A cafajestagem bolsominion
Por
Paulo Brondi
Publicado
no Blog do Juca Kfouri – Folha de S. Paulo,19/02/2020 12h19
Bolsonaro é um cafajeste. Não há outro adjetivo que se lhe
ajuste melhor.
Figura HQ, publicada na Edição do Esquerda Diário, sexta-feira 9 de fevereiro de 2018. |
Cafajestes são também seus filhos, decrépitos e ignorantes.
Cafajeste é também a maioria que o rodeia.
Porém, não é só. E algo que se constata é pior. Fossem esses os
únicos cafajestes, o problema seria menor.
Mas, quantos outros cafajestes não há neste país que veem em Bolsonaro
sua imagem e semelhança?
Aquele tio idiota do churrasco, aquele vizinho pilantra, o amigo
moralista e picareta, o companheiro de trabalho sem-vergonha…
Bolsonaro, e não era segredo pra ninguém, reflete à perfeição
aquele lado mequetrefe da sociedade.
Sua eleição tirou do armário as criaturas mais escrotas, habitués
do esgoto, que comumente rastejam às ocultas, longe dos olhos das gentes.
Bolsonaro não é o criador, é tão apenas a criatura dessa
escrotidão, que hoje representa não pela força, não pelo golpe, mas, pasmem,
pelo voto direto. Não é, portanto, um sátrapa, no sentido primeiro do termo.
Em 2018 o embate final não foi entre dois lados da mesma moeda.
Foi, sim, entre civilização e barbárie. A barbárie venceu. 57 milhões de brasileiros
a colocaram na banqueta do poder.
Elementar, pois, a lição de Marx, sempre atual: "não basta
dizer que sua nação foi surpreendida. Não se perdoa a uma nação o momento de desatenção
em que o primeiro aventureiro conseguiu violentá-la".
Muitos se arrependeram, é verdade. No entanto, é mais verdadeiro
que a grande maioria desse eleitorado ainda vibra a cada frase estúpida, cretina
e vagabunda do imbecil-mor.
Bolsonaro não é "avis rara" da canalhice. Como ele, há
toneladas Brasil afora.
A claque bolsonarista, à semelhança dos "dezembristas"
de Luís Bonaparte, é aquela trupe de "lazzaroni", muitos socialmente desajustados,
aquela "coterie" que aplaude os vitupérios, as estultices do seu
"mito". Gente da elite, da classe média, do lumpemproletariado
Autodenominam-se "politicamente incorretos". Nada. É
só engenharia gramatical para "gourmetizar" o cretino.
Jair Messias é um "macho" de meia tigela. É frágil,
quebradiço, fugidio.
Nada tem em si de masculino. É um afetado inseguro de si
próprio.
E, como ele, há também outras toneladas por aí.
O bolsonarismo reuniu diante de si um apanhado de fracassados,
de marginais, de seres vazios de espírito, uma patuleia cuja existência carecia
até então de algum significado útil. Uma gentalha ressentida, apodrecida, sem
voz, que encontrou, agora, seu representante perfeito.
O bolsonarismo ousou voar alto, mas o tombo poderá ser
infinitamente mais doloroso, cedo ou tarde.
Nem todo bolsonarista é canalha, mas todo canalha é
bolsonarista.
Jair Messias Bolsonaro é a
parte podre de um país adoecido.
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