'Golpe abortado'
Por Frei Betto*
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Invasão de terroristas nesse domingo (8/1/2023) em Brasília, onde milhares de
apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foram protestar contra a
vitória na eleição de 2022 do presidente da República, Luiz Inácio Lula da
Silva (PT). Inconformados com a derrota em 2022 do ex-presidente,
bolsonaristas radicais (terroristas/golpistas) invadiram e depredaram
prédios públicos, como o Supremo Tribunal Federal (STF), o Palácio do Planalto
e o Congresso Nacional [Câmara e Senado]. As forças de Segurança Nacional conseguiram coibir milhares de manifestantes e prender centenas de invasores e vândalos que destruíram o patrimônio público na Praça dos Três Poderes na Capital do País. Lula venceu a disputa no segundo turno, em 2022, sendo ele eleito de
forma legitima com 60.345.999 votos, o que representou, à época, 50,9%, contra os
58.206.354 votos em Bolsonaro que resultou em 49,1%. Avaliações das urnas eletrônicas
eleitorais demonstraram que elas são seguras e todas passaram por auditorias de especialistas no Brasil e analistas internacionais. As urnas eletrônicas são criptografadas, geram boletins impressos no início das votações, de 'zero votos' [zerésima] aos candidatos, e, em seguida, são realizadas a apuração e totalização do resultado da eleição que é proclamada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nunca houve registro de
fraude eleitoral desde a adoção do voto eletrônico, em 1996. Foto: Evaristo Sa/AFP. |
Ao destruir os
palácios dos três poderes no domingo, 8 de janeiro, em Brasília, os terroristas
bolsonaristas mostraram as caras e as garras. Trumpistas miméticos,
reproduziram aqui em dimensões mais amplas o vandalismo ocorrido no Capitólio,
em Washington, há dois anos, numa demonstração cabal de que seu lema é
“ditadura sim, democracia não!”.
A
segurança falhou por cumplicidade do governador de Brasília, Ibaneis Rocha, e
seu secretário de Segurança, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres. A
Polícia Militar da capital federal, responsável pela defesa do patrimônio
nacional, facilitou a ação dos criminosos e só prendeu alguns vândalos após
Lula decretar intervenção federal na segurança pública de Brasília.
As
Forças Armadas se omitiram, em evidente postura de apoio tácito ao terrorismo.
Aliás, as “incubadoras de terroristas”, como bem qualificou o ministro da
Justiça, Flávio Dino ao se referir aos acampamentos bolsonaristas diante de
quartéis, afinal chocaram o ovo da serpente. A Justiça brasileira cometeu o
grave erro de, nos primórdios da redemocratização do país, em meados de 1980,
não punir com rigor os assassinos e torturadores a serviço da ditadura militar
que se apossou do país durante 21 anos (1964-1985). Tivesse seguido o exemplo
da Argentina, do Uruguai e do Chile, o Brasil teria separado o joio do trigo.