Panorama visto da ponte
A eleição de outubro caminha mesmo para o embate Lula versus Bolsonaro
Por Luis Felipe Miguel*
A
candidatura de Lula segue de vento em popa. A estratégia escolhida pelo
ex-presidente é – para usar uma palavra neutra – discutível, sobretudo quanto a
seus efeitos pós-eleitorais, mas este é tema para outra reflexão. Desde que
recuperou os direitos políticos, ele soube se posicionar como a antítese do
pesadelo bolsonarista, tornando-se praticamente a opção única do centro para a
esquerda. Embora venha mais uma campanha muito pesada, das usinas de fake news
às minisséries da TV Globo, larga como franco favorito.
Já para Bolsonaro, o melhor caminho seria talvez desistir de uma reeleição improvável e tentar um mandato parlamentar pelo Rio de Janeiro, garantindo imunidade. Mas tal passo é contraditório com a persona política que ele criou e com a manutenção de sua base fanatizada (além de exigir a desincompatibilização do cargo). Deve, portanto, seguir o caminho de Trump: tumultuar o processo ao máximo, apostar em manobras de alto risco e manter, sempre, uma alta capacidade de disrupção, a fim de inibir medidas legais contra ele por parte de um futuro governo democrático.