Datafolha indica que ‘onda Marina’ virou tsunami
Após a divulgação da pesquisa Datafolha nessa sexta (29/8), cúpula petista teme vitória da ex-senadora Maria Silva no primeiro turno da eleição presidencial 2014. Foto: André Borges/AE. |
Por Josias de Souza*
No
curtíssimo intervalo de 11 dias, Marina Silva agigantou-se de 21% para 34% das
intenções de voto. Um salto de 13 pontos percentuais, informa o Datafolha. A
substituta de Eduardo Campos está agora numericamente empatada com a
ex-favorita Dilma Rousseff, que oscilou de 36% para 34%. Num cenário de segundo
turno, Marina prevalece sobre Dilma com uma diferença de dez pontos: 50% a 40%.
O país já não está diante de uma ‘onda
Marina’. Assiste ao surgimento de um tsunami eleitoral. O fenômeno varre as
sondagens internas dos partidos. Em toda parte só se ouve um nome: Marina. Os
políticos se encontram e, antes do ‘bom dia’, antes do ‘tudo bem?’, vem a
pergunta: viste a Marina? O tom é de espanto. O olhar é de quem testemunha o
sobrenatural. Viste a Marina?
Até duas semanas atrás, Marina era uma
presidenciável improvável. Passou a existir graças a uma tragédia. Hóspede
transitória do pequeno PSB, ela não tem estrutura partidária. Coligada com o
pequeno PPS e outras quatro legendas nanicas, ela dispõe de um tempo de
propaganda mixuruca. Contam-se nos dedos de uma mão os palanques que ela
frequentará nos Estados.
Ainda assim, Marina apavora os rivais.
Sua força está na precariedade. Noves fora o carisma, Marina encanta o
eleitorado porque lhe falta a superestrutura político-partidária que sobra para
Dilma e não falta para Aécio. Deve-se o fenômeno ao desejo do eleitorado de
decretar um basta. As pesquisas ecoam o barulho das ruas de junho de 2013.
Marina é beneficiária do ‘voto saco
cheio’. Nem todos os eleitores entendem de política. Mas todos sabem o que é
politicagem. Quem opta por Marina sinaliza que deseja um Brasil inteiramente
diferente do atual. Sabe que pode não obter. Mas decidiu tentar. Ironicamente,
o Datafolha veio à luz no mesmo dia em que Marina divulgou o seu programa de
governo. Ninguém teve tempo de ler. Mas todo mundo adorou.
Movimentos como esse que impulsiona
Marina não são guiados por ideias, mas por vagas sensações. Aos pouquinhos, vai
ficando claro o tamanho do desejo de mudança do eleitorado. Uma evidência de
que o conglomerado governista caprichou na perversão. A turma esqueceu de
maneirar.
Votar em Dilma significaria manter o status quo. Votar em Aécio seria mudar o status sem mexer muito no quo. O eleitor parece decidido a não deixar dúvidas quanto aos seus pendores mudancistas. Fechadas as urnas, se a mudança for pequena a frustração será enoooooorrrrmmmmeeeee. Viste a Marina? Shhhhhhh. Não assusta os petistas e os tucanos.
Votar em Dilma significaria manter o status quo. Votar em Aécio seria mudar o status sem mexer muito no quo. O eleitor parece decidido a não deixar dúvidas quanto aos seus pendores mudancistas. Fechadas as urnas, se a mudança for pequena a frustração será enoooooorrrrmmmmeeeee. Viste a Marina? Shhhhhhh. Não assusta os petistas e os tucanos.
*Josias
de Souza é jornalista desde 1984. Trabalhou por 25 anos na
"Folha de S.Paulo" (foi repórter, diretor da Sucursal de Brasília,
Secretário de Redação e articulista). É editor do Blog do Josias/Política.
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