Marina será candidata e PSB quer vice com relação 'orgânica' com partido
BRASÍLIA (Reuters/ Jeferson Ribeiro) -
Marina Silva será a candidata do PSB à Presidência, assumindo o lugar de Eduardo Campos, que morreu tragicamente
em um acidente aéreo na quarta-feira (13), e o candidato a vice será um
socialista com "relação orgânica" com o partido e que defenda o
projeto do ex-governador pernambucano. Marina Silva deve ser oficializada, na quarta-feira (20/8), entre os partidos que compõem a aliança com o PSB.
"A Marina já sinalizou que vai
assumir a candidatura", disse à agência de notícias Reuters o líder da
bancada do PSB na Câmara, Beto Albuquerque, (RS) neste sábado.
Segundo ele, uma reunião da comissão
executiva do partido na próxima quarta-feira (20) definirá também o nome do
candidato a vice, que fará chapa com Marina.
Sem entrar numa análise dos nomes,
Albuquerque, um dos cotados para assumir o posto, disse que o PSB quer um nome
"orgânico do partido, que defenda o legado do Eduardo e que tenha
proximidade com a Marina".
Nos últimos dias, foram cotados para a
vaga, além de Albuquerque, o coordenador do programa de governo da aliança,
Maurício Rands, o ex-ministro da Integração Nacional Fernando Bezerra e o
deputado Júlio Delgado (PSB-MG).
Se a escolha se mantiver entre esses
nomes, o favorito para assumir a vaga seria Albuquerque, já que Rands ingressou
no PSB somente em outubro passado e antes estava filiado ao PT. Bezerra e
Delgado, por sua vez, têm pouca ou nenhum proximidade com Marina, o que os
desfavoreceria nessa disputa.
Albuquerque não quis comentar a
possibilidade de assumir a vaga.
A decisão sobre a indicação de Marina
para a cabeça de chapa foi encaminhada na sexta-feira durante uma reunião
informal com membros da comissão executiva do partido.
"O que nós esperamos da Marina é o
mesmo tratamento que o PSB deu a ela e à Rede", disse o líder socialista.
Segundo ele, Marina terá que assumir as
posições de Campos, assim como o ex-governador tinha assumido as suas quando
formaram a aliança. "Os dois se completavam e agora só temos um",
disse.
Antes da reunião da executiva no dia 20,
deve haver um novo encontro mais amplo na próxima segunda-feira, após o
funeral, que deve ocorrer na tarde de domingo, para acertar os detalhes de como
será feito esse anúncio da nova chapa. O velório de Campos começa na noite
deste sábado, no Recife (PE).
Queda
de jato matou Campos e outras seis pessoas
Campos, 49, morreu em um acidente de
avião na manhã de quarta-feira no litoral de São Paulo junto a outras seis
pessoas que estavam na aeronave.
O avião levava o socialista do Rio de
Janeiro a Santos, onde ele cumpriria agenda de campanha, e arremeteu quando se
preparava para pousar no aeroporto da cidade vizinha do Guarujá. Em seguida, o
controle de tráfego aéreo perdeu contato com o avião.
Principal
desafio é afinal discurso da candidatura
O líder do PSB afirmou ainda que o
principal desafio desses primeiros dias após a formalização de Marina como
candidata é acertar e afinar o discurso da candidatura, porque já estará em
curso o programa eleitoral obrigatório, que começa dia 19, e em seguida haverá
os debates televisivos. "Temos que acertar na veia", disse.
Os dois primeiros programas do PSB na TV,
porém, ainda devem ser recheados de homenagens a Campos, que presidia o PSB e
era a maior liderança da legenda.
Questionado sobre as dificuldades em
alguns palanques regionais, como Rio de Janeiro e São Paulo, onde as alianças
com PT e PSDB, respectivamente, foram fechadas sem o aval de Marina, ele
minimizou o problema.
"Ela será a candidata do PSB e vai
respeitar esses acordos. Onde ela não puder, o vice sobe no palanque",
explicou. Em São Paulo, por exemplo, Marina já havia evitado agendas de
campanha que podiam contar com a presença do governador Geraldo Alckmin (PSDB),
que concorre à reeleição, e tem o PSB como vice na chapa.
Político
acredita em ascensão de Marina nas pesquisas
Albuquerque acredita que nesse primeiro
momento a candidatura de Marina deve ter um crescimento nas pesquisas, um pouco
ainda impulsionadas pela comoção com a tragédia.
"Acho que ela pode aparecer na
frente do Aécio inclusive", afirmou, lembrando, entretanto, que apenas
isso não será o suficiente. Campos aparecia em terceiro lugar nas pesquisas, atrás
da presidente Dilma Rousseff (PT) e de Aécio Neves (PSDB).
"Temos que trabalhar para que isso
não seja apenas uma bolha", argumentou.
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