Primeiro Debate na TV deve ser marcado por comparações entre ‘experiência’ e ‘inexperiência’ na gestão pública dos
principais candidatos à presidência
Os presidenciáveis Dilma (E), Marina (C) e Aécio (D) devem digladiar, hoje no debate da Band, suas experiências na administração pública. Fotos: AE. |
BRASÍLIA - O primeiro debate entre
os candidatos ao Palácio do Planalto, nesta terça-feira à noite, na TV Band,
será marcado pela tentativa da presidente Dilma Rousseff (PT) e do senador
Aécio Neves (PSDB) de se apresentarem como gestores eficientes, sugerindo
fragilidades de Marina Silva (PSB) nessa área. A ex-ministra do Meio Ambiente,
por sua vez, pretende recorrer às trajetórias dos ex-presidentes Luiz Inácio
Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso para desconstruir o argumento de
inexperiência como gestora.
A subida da ex-ministra do Meio Ambiente
nas pesquisas preocupa tanto o comando da campanha de Dilma como o comitê de
Aécio. Convencida de que será alvo de estocadas, Marina pretende se apresentar
como a candidata que não chegou para segregar, mas sim para quebrar a
polarização e unir “pessoas de bem” na política, mesmo sendo elas de outros
partidos, como o PT ou o PSDB. Marina substituiu o ex-governador de Pernambuco
Eduardo Campos, morto em acidente aéreo no último dia 13 e, desde então, tenta
encarnar o discurso da mudança mais confiável.
Dilma será a primeira a falar no debate
da Bandeirantes, seguida por Marina. A ordem, definida em sorteio, foi
comemorada pela equipe de Aécio, para quem o tucano poderá captar o tom da
discussão entre as adversárias para reagir “com serenidade”, caso seja
necessário.
Ex-governador de Minas Gerais, o
candidato do PSDB buscará o confronto com Dilma e suas críticas a Marina devem
ser mais sutis. Coordenadores da campanha tucana disseram ao Estado que Aécio
só atacará diretamente a candidata do PSB se ela tomar a iniciativa. A tática
principal consiste em ser mais incisivo com Dilma. As provocações endereçadas
ao governo terão o objetivo de reforçar a polarização entre petistas e tucanos.
Fonte: AE/O Estado de S.Paulo. |
Com essa estratégia, o mau desempenho da
economia e o atraso nas obras estarão na mira de Aécio, que também pretende
questionar a eficácia de Dilma como “gerente”. Na tentativa de apresentar um
discurso simples e sem rodeios, o candidato do PSDB vai bater na tecla da volta
da inflação, da escassez de investimentos e criticar o pífio crescimento do
País.
A presidente passou boa parte do dia de
segunda-feira reunida com auxiliares no Palácio da Alvorada, preparando-se para
o debate. À noite embarcou para São Paulo. Antes de ir para a emissora, Dilma
vai se encontrar nesta terça-feira com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva. “Eu sempre me preparo para os debates porque acho que é minha obrigação
chegar lá e responder às perguntas o melhor que eu posso”, disse Dilma em
entrevista, na segunda à noite, no Alvorada.
Lula disse a Dilma, na semana passada,
que é preciso tomar muito cuidado com Marina. Para o ex-presidente, a candidata
do PSB herda um ativo de quase 20 milhões de votos da eleição de 2010, quando
concorreu ao Planalto pelo PV, além de um clima de comoção nacional com a morte
de Campos, e pode encarnar a retórica da mudança. No diagnóstico de Lula, o PT
precisa fazer de tudo para repaginar o discurso e tentar atrair os eleitores da
ex-ministra descontentes com o governo.
Pesquisas internas do PT indicam que a
candidata do PSB está a oito pontos de distância de Dilma - ainda líder dos
levantamentos de intenção de voto -, mas bem à frente de Aécio. A equipe do
tucano dá como certo que ele aparecerá em terceiro lugar na pesquisa a ser
divulgada nesta terça-feira pelo Ibope/Estado/TV Globo, mas ainda acredita na
reversão desse quadro.
O comando da campanha de Dilma se
debruçou sobre problemas da época em que Marina foi ministra do Meio Ambiente
do governo Lula, de 2003 a 2008. Na lista de “fragilidades” de Marina os
petistas citam a falta de experiência administrativa e o radicalismo, que
provoca entraves ao crescimento econômico, além da resistência dela ao
agronegócio e da ausência de estrutura partidária e de aliados para governar.
Trajetórias. Em resposta à críticas sobre sua
capacidade de gestão, Marina deve argumentar que Lula nunca havia ocupado cargo
administrativo antes de ser eleito presidente, em 2003. Fernando Henrique, da
mesma forma que ela, só havia sido ministro. A candidata do PSB vai rebater os
possíveis ataques de Dilma e de Aécio enfatizando que, num momento de crise, o
País precisa de alguém com capacidade de juntar no mesmo governo nomes do PT e
do PSDB.
Em um recado direto a Dilma, Marina vai
repetir, se provocada, o discurso de que a petista será a primeira presidente
na história a entregar um País pior do que recebeu. “A chamada ‘gestora’
entregará o País no caos”, afirmou o coordenador adjunto da campanha, Walter
Feldman (PSB-SP). Marina vai se apresentar como a única com “visão
estratégica”, capaz de promover uma “transição positiva” e sem a polarização
entre PT e PSDB.
Quarto colocado nas pesquisas, o
candidato do PSC, Pastor Everaldo, disse na segunda-feira que vai manter o
equilíbrio e usar o debate para reforçar a “defesa incondicional da livre
concorrência e do empreendedorismo”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sinta-se à vontade para postar seu comentário.
Espaço aberto à participação [opinião] e sujeito à moderação em eventuais comentários despretensiosos de um espírito de civilidade e de democracia.
Obrigado pela sua participação.
FN Café NEWS