Comissão aprova proposta que afasta chefe do Executivo em disputa à
reeleição
Presidente da República
deve agora licenciar-se "a partir do primeiro dia útil após a homologação
da candidatura", ou seja, após as convenções partidárias, em junho.
CCJ vota Proposta de Emenda à Constituição que obriga chefe do executivo licenciar-se assim que for oficializado a candidatura na convenção partidária. Foto: Arquivo: CCJ/Senado; |
Débora
Álvares/AE
BRASÍLIA -
Com apenas cinco votos contrários, a Comissão de Constituição, Justiça e
Cidadania (CCJ) do Senado aprovou nesta quarta-feira, 26, a Proposta de Emenda
à Constituição (PEC) que obriga o chefe do poder Executivo que deseja disputar
a reeleição a se afastar do cargo. Hoje, a licença é obrigatória apenas para
aqueles que vão concorrer a um cargo diferente do que ocupam. É o caso do
governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que deve se licenciar em abril,
seis meses antes do pleito, para concorrer a Presidência da República.
A
proposta de autoria da senadora Ana Amélia (PP-RS) previa inicialmente o
afastamento de presidente, governadores e prefeitos que pleiteiam a reeleição
quatro meses antes. O texto aprovado, modificado pelo relator da proposta, Luiz
Henrique (PMDB-SC), sugeriu que a licença ocorra "a partir do primeiro dia
útil após a homologação da candidatura", ou seja, após as convenções
partidárias, em junho.
Na
prática, a proposta abre brechas para que os vices que não compuserem a chapa à
reeleição, os presidentes do Legislativo ou do Judiciário ocupem a cadeira de
presidente, governadores e prefeitos. Se a regra já estivesse em vigor, o vice-presidente,
Michel Temer, por exemplo, poderia ocupar a Presidência da República por pelo
menos três meses, caso não se candidatasse à reeleição. Se decidisse se
candidatar, a Presidência seria ocupada por um dos ocupantes de cargos da linha
sucessória que não disputassem a eleição - em ordem, o presidente da Câmara; o
presidente do Senado, e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).
Para o
líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), a proposta criará uma
"novela". "Se o nosso interesse é garantir a transparência do
pleito, temos de ter coragem de votar o fim da reeleição. Aqui estamos
estabelecendo uma renúncia obrigatória e, diante da falta do titular, vamos
criar uma insegurança jurídica", afirmou o senador.
A autora
do projeto rebateu a alegação de Braga. "Qual o mal tem de, eventualmente,
no caso do presidente da Republica, se o presidente do STF assumir a
Presidência?", questionou Ana Amélia. Na justificativa do projeto, a
senadora argumenta que a permanência de chefes do Executivo no cargo durante a
campanha à reeleição "tem sido um fator de desequilíbrio nas disputas
eleitorais". "Todo um sistema de regras foi criado para tentar coibir
o uso da máquina do governo nas campanhas por parte de prefeitos, governadores
e do presidente da República, sem sucesso aparente", argumentou.
A
proposta dividiu os senadores, e até integrantes de partidos aliados, como o
senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), votaram a favor da proposta. Os votos
contrários vieram dos senadores Eduardo Suplicy (PT-SP), José Pimentel (PT-CE),
Romero Jucá (PMDB-RR), Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Aloysio Nunes Ferreira
(PSDB-SP). Por se tratar de uma PEC, o texto ainda precisa ser apreciado pelo
plenário do Senado, em dois turnos, além de passar pela Câmara dos Deputados.
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