Trabalhadores eram mantidos sem água potável e em meio a animais
peçonhentos em Minas
Empresa de carvão foi interditada pelo
Ministério Público do Trabalho (MPT) em Catuji, na Região do Mucuri.
Proprietário terá de cumprir série de medidas
João Henrique do Vale/Jornal EM-BH
Uma empresa de carvão foi interditada
pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em Catuji, na Região do Mucuri, por
manter operários em condições degradante de trabalho. As vítimas não tinham
água potável para beber e comiam em um local que continham cachorros e até
animais peçonhentos, como aranha e escorpião. Dois Termos de Ajuste de Conduta
(TAC) foram firmados entre a empresa e o órgão.
As investigações começaram no final de
2013 quando ex-funcionários da empresa Carvão Fogo Leste entraram com ações na
Justiça contra ela. O juiz proferiu as sentenças e enviou córpias para o MPT,
que abriu três inquéritos para apurar as denúncias. “Durante a apuração ficamos
sabendo que a empresa tinha encerrado as atividades. Porém, ficou constatado
que houve uma sucessão, e a empresa se tornou O.E.Silva Filho”, explica o
procurador do Trabalho Max Emiliano da Silva Senna.
Em dezembro, os procuradores fizeram uma
visita ao local onde os produtos eram embalados. Lá, flagraram a situação
degradante vivida pelos trabalhadores. “Quando chegamos tinha oito operários,
mas sabemos, pelas folhas de ponto, que eram aproximadamente 18 pessoas. Todos
trabalhavam aproximadamente 10 horas por dia sem contar com equipamentos de
segurança. Também não recebiam uniformes e viviam impregnados pelo pó do
carvão”, afirma Senna.
Dentro de um galpão, onde os trabalhadores empacotavam o carvão, foi encontrada uma máquina com uma esteira que fazia um barulho que poderia causar danos a audição dos empregados. “Fazia um barulho muito alto e os operários não utilizavam aparelhos auricular”, conta o procurador. O local onde os trabalhadores faziam as refeições era sujo e havia cachorros e animais peçonhentos, como aranha e escorpião. “Os empregados tinham de levar os alimentos na mochila e não tinham equipamentos para colocar a comida. Por isso, tinha que comê-las frias e com grande risco de contaminação”.
Para o procurador, a região onde a
empresa está instalada facilita o aliciamento de trabalhadores. “A maioria são
moradores de Catuji. Lá é uma região muito pobre e essas regiões são um campo
fértil para este tipo de exploração. As vezes a pessoa é explorada, mas não faz
nada pois precisa daqueles R$ 200, R$ 300”, revela Senna.
Empresa assina TAC
O MPT propôs dois Termos de Ajuste de
Conduta (TAC) que foram assinados pelo dono da empresa. Um deles, prevê a
mudança no meio ambiente do trabalho. O proprietário terá que fornecer água
potável, a melhoria das instalações sanitárias e de áreas de alimentação, a
adoção de normas de combate e prevenção a incêndio, e adotar programas de saúde
ocupacional em prazos que variam de 90 a 180 dias. No outro, está previsto a
regularização dos contratos de trabalho. A partir do acordo, nenhum empregado
poderá ser admitido sem o devido registro, o pagamento de salário e demais
créditos, como 13º e acerto rescisório, deverão obedecer aos prazos previstos
em lei. Em caso de descumprimento das obrigações, a empresa estará sujeita a
multas que variam de R$ 1 a 10 mil.
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