quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

ONG 'Repórteres Sem Fronteiras' revela que Brasil se tornou o país com o maior número de profissionais da imprensa mortos em 2013 na região das Américas

Brasil supera México em mortes de jornalistas, revela ONG francesa
A morte do Cinegrafista da TV Bandeirantes, Santiago Andrade, atingido por um rojão enquanto cobria um protesto contra o aumento das passagens de ônibus no Rio na quinta-feira (5), repercutiu na imprensa internacional. Foto: Portal Terra/ 10 fev. 2013.
Com RSF/Relatório
Com cinco jornalistas mortos no ano passado, o Brasil superou o México e se tornou o país com o maior número de profissionais da imprensa mortos em 2013 na região das Américas, segundo relatório da ONG Repórteres Sem Fronteiras(RSF), que divulgou nesta quarta-feira (12), em Paris, seu ranking sobre a liberdade de imprensa no mundo.

Nos últimos dois anos, o Brasil piorou 12 posições no ranking da ONG baseada em Paris e ocupa agora a posição de número 111. Em uma escala que vai de uma situação considerada boa para a liberdade de imprensa a uma considerada muito crítica, o Brasil está numa situação intermediária com problemas sensíveis para a liberdade de imprensa, assim como a maioria dos 180 países analisados.
Capa do relatório de 2013 da Ong RSF sobre a liberdade de imprensa no mundo. Foto: RSF
A RSF atribui a piora nas condições de trabalho para os jornalistas no Brasil ao nível de insegurança altíssimo no país e ao poder do crime organizado, tanto no tráfico de drogas quanto de matérias-primas em certas regiões. 

A Ong francesa cita o caso do blogueiro Lucio Flavio Pinto, do Pará, que acumula 33 processos na justiça por sua cruzada contra o tráfico ilegal de madeira.

Os países com melhores condições para a liberdade de imprensa e o exercício da profissão de jornalista são pela ordem: Finlândia, Holanda e Noruega. Esse países mantiveram as mesmas posições do último ranking, divulgado em 2013. Os piores do ranking para a liberdade de informação são Eritreia, Coreia do Norte e Turcomenistão.

Piora global
O ranking sobre liberdade de imprensa estabelecido pela Repórteres Sem Fronteiras registrou avanços em muitos países como Equador, Bolívia e África do Sul, e, por outro lado, uma degradação em países como Estados Unidos, Guatemala e República Centro-Africana.

Mas, globalmente, o índice da Ong que identifica os entraves para o exercício da liberdade de informação registrou uma piora e passou de 3.395 pontos a 3.456 pontos, ou seja, um aumento de 1,8%, que significa uma piora nas condições para a liberdade de imprensa.

“O ranking de certos países, incluindo em democracias, foi amplamente afetado (em 2013) por uma interpretação muito ampla e abusiva sobre o conceito de proteção de segurança nacional”, afirmou a ONG em um comunicado.

Outro problema identificado pela organização para degradação da situação é o impacto negativo para o exercício do jornalismo e o direito de informar em situação de conflito armado. A Sírias, um dos países mais perigosos do mundo para os jornalistas, aparece em 177° lugar no ranking. Segundo a ONG, entre entre março de 201, início da revolta contra o regime de Basha Al-Assad, e dezembro de 2013, 130 jornalistas morreram durante sua missão de informar.

Sobre a América Latina, a Repórteres Sem Fronteiras traz elogios às reformas das leis sobre comunicação realizadas na Argentina e no Uruguai. No caso uruguaio, a Lei sobre os Serviços de Comunicação Audiovisual (LSCA) aprovada em dezembro de 2013 poderia se tornar uma referência em termos de regulamentação da mídia. A nova lei, lembra a ONG, prevê uma redistribuição das freqüências para os diferentes tipos de mídia, privados, públicos e comunitários.

Metodologia
O ranking da liberdade de imprensa da RSF é baseado em sete critérios: o nível de abusos, a extensão do pluralismo e a independência da mídia, além do ambiente e da censura, as normas legais, transparência e as infraestruturas. Pela primeira vez, o relatório sairá também em uma edição imprensa na França.

Liberdade de imprensa piora no mundo, diz relatório
Agência ANSA
Foi divulgado nesta quarta-feira (12), o relatório do grupo Repórteres Sem Fronteiras que mostra piora na liberdade de imprensa em todo o mundo. Os dados do levantamento mostraram que, durante o período avaliado, até os países democráticos tiveram cerceamento da liberdade de imprensa.    
Entre os poucos pontos positivos do relatório está a Itália, que segundo o grupo "finalmente saiu de uma espiral negativa". Já os Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e o Brasil apresentaram queda na liberdade da divulgação de notícias. Esse desempenho, no caso dos EUA está relacionado ao tratamento dado ao ex-analista da NSA Edward Snowden e a condenação de Bradley Manning (Wikileaks). 
A França teve como destaque a punição a dois portais que divulgaram dados do relacionamento entre Liliane Bettencourt e Nicolas Sarkozy. Os ingleses foram citados também pela pressão aos jornalistas do The Guardian na questão da NSA. O Brasil assumiu a posição de pior país das Américas para o trabalho dos jornalistas - graças ao que o relatório chamou de "Primavera Brasileira" e a morte de cinco profissionais no ano de 2013.    
Os piores países do mundo para o trabalho da imprensa são Síria (onde 130 jornalistas morreram trabalhando entre março de 2011 e dezembro de 2013), o Turcomenistão, a Coreia do Norte e a Eritreia. 

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