Piora nas contas públicas agrava a crise de credibilidade do governo
Especialistas acreditam até que o governo terá
de estender o corte de gastos para os investimentos
Guido
Mantega estuda fazer uma política fiscal "consistente com tendência de
redução do endividamento público".
|
Reuters
BRASÍLIA - O governo federal encerrou 2013 com o
menor esforço fiscal desde 2001, deixando ainda mais evidente a dificuldade em
recuperar a credibilidade das contas públicas junto a agentes econômicos neste
ano. Alguns especialistas acreditam até mesmo que em 2014 o governo terá de
estender o contingenciamento para os investimentos.
O setor público consolidado apresentou superávit
primário de R$ 91,306 bilhões em 2013, o que representa 1,90% do PIB - informou
nesta sexta-feira, 31, o Banco Central. O resultado ficou abaixo do
pretendido pelo governo e é o menor desempenho desde 2001. No
início do ano passado, a meta de superávit primário era de 3,1% do PIB. Esse
objetivo foi revisado posteriormente para 2,3% do PIB.
O governo tem sido alvo frequente de críticas do
mercado pela condução da sua política fiscal, com gastos elevados e pouca
transparência nas contas. Nos últimos anos, recorreu a algumas manobras
contábeis para melhorar os números e, em 2013, contou com receitas
extraordinárias em valor recorde.
Esse cenário tornou real o risco de rebaixamento do
rating brasileiro pelas principais agências de classificação de risco e levou a
própria presidente Dilma Rousseff vir a publico dizer que, para 2014, a
política fiscal será "consistente com essa tendência de redução do
endividamento público".
Para tanto, especialistas avaliam que os gastos
públicos terão de ser mais controlados, mesmo num ano eleitoral. O governo
anunciará em fevereiro o contingenciamento para 2014 e, por enquanto, a meta de
primário estipulada é equivalente a 2,1% do PIB.
"Vai ter que prejudicar investimentos, não vai
ter jeito, não tem espaço. No passado, a gente já viu isso", afirmou o
economista Cristiano Souza, do Santander.
Para o BC, primários maiores são importantes para a
condução da política monetária, justamente num momento de inflação elevada.
"A regra geral é quanto mais fiscal,
melhor", disse o chefe do departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, na
linha de avaliações já feitas pelo presidente do BC, Alexandre Tombini.
"Ativismo fiscal e quase fiscal durante os
últimos anos minou a eficácia da política monetária e está contribuindo
decisivamente para o ambiente atual de alta inflação e moeda ainda
excessivamente apreciada", afirmou o diretor de pesquisa econômica para
América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, em relatório.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sinta-se à vontade para postar seu comentário.
Espaço aberto à participação [opinião] e sujeito à moderação em eventuais comentários despretensiosos de um espírito de civilidade e de democracia.
Obrigado pela sua participação.
FN Café NEWS