Governo anuncia corte de R$ 44 bilhões no Orçamento de 2014
Guido Mantega, Ministro da Fazenda, ao anunciar cortes orçamentários nesta quinta (20). Foto: Agência Senado. |
Com agências e
UOL, em São Paulo
O governo anunciou um corte de R$ 44
bilhões no Orçamento Geral da União deste ano, incluindo R$ 7 bilhões do PAC
(Programa de Aceleração do Crescimento). Em 2013, o corte total foi de R$ 38
bilhões; em 2012, de R$ 55 bilhões.
O anuncio foi feito nesta quinta-feira
(20) em Brasília pelos ministros do Planejamento, Miriam Belchior, e da
Fazenda, Guido Mantega.
A meta
de economia para pagar juros da dívida (o chamado superavit primário) foi
fixada em R$ 99 bilhões, equivalente a 1,9% do PIB (Produto Interno Bruto).
Desse total, o governo central (que reúne as contas do Tesouro Nacional,
Previdência Social e Banco Central) será responsável por R$ 80,8 bilhões ou o
equivalente a 1,55% do PIB. Já os Estados e municípios deverão contribuir com
R$ 18,2 bilhões, ou 0,35% do PIB.
Em seu anúncio de hoje o governo também
reduziu a previsão de crescimento da economia de 3,8% para 2,5%
em 2014. A projeção de inflação para este ano foi reduzida de 5,8% para 5,3%.
O governo tenta reduzir a
desconfiança em torno da economia brasileira e mostrar solidez fiscal, para
evitar que as agências de avaliação de risco rebaixem a nota da dívida pública
do país. A política fiscal brasileira tem sido alvo de críticas
desde a utilização de "manobras contábeis"
para garantir o cumprimento da meta em 2012, e depois de o governo não cumprir
a meta de 2013 (leia mais
abaixo).
A discussão em torno da definição do
superavit primário deste ano e do corte para atingir esse objetivo levou vários
dias e fez com que Mantega desistisse de ir para a reunião do G20, na Austrália,
neste fim de semana.
Cortes
não incluem Saúde e Educação
Dos R$ 44 bilhões a serem
cortados, serão R$ 13,5 bilhões de despesas obrigatórias e R$ 30,5 bilhões
de despesas não obrigatórias.
O governo preservou no Orçamento de 2014,
ano eleitoral, as áreas de Saúde (R$ 82,6 bilhões), Educação (R$ 42,3 bilhões),
Desenvolvimento Social (R$ 31,7 bilhões) e Ciência, Tecnologia e Inovação (R$
6,9 bilhões).
Por outro lado, cortou diversas despesas
em outras áreas, com destaque para a Defesa, com redução de R$ 3,5 bilhões, e
emendas parlamentares, R$ 13,3 bilhões.
Meta
fiscal não foi alcançada no ano passado
O compromisso de 2013 era de superavit
primário de 3,1% do PIB, mas a área econômica havia informado que perseguiria
uma meta de 2,3% do PIB. No fim, o país não conseguiu cumprir o compromisso
fiscal estipulado inicialmente e fez uma meta do setor público consolidado de
1,9% do PIB, ou R$ 91,306 bilhões.
Mesmo ajudados por receitas
extraordinárias, União, Estados e municípios fizeram a menor economia em 15 anos.
Entenda
o superavit primário
Superavit primário é o quanto de receita
os governos conseguem economizar. Esse dinheiro é usado para pagar os juros da
dívida pública. Um exemplo desses juros é o lucro que os investidores ganham
quando compram títulos do governo.
Obter o superavit primário é importante
para conter o aumento da dívida pública e evitar a moratória (calote) no
futuro.
A dívida pública é contraída, entre
outras situações, quando o governo vende títulos para os aplicadores. Ele
promete aos investidores pagar juros a mais no futuro, como acontece com
qualquer outro investimento financeiro.
Se o governo não economizar, a dívida
pode crescer muito e ele não tem como pagar. Isso caracterizaria o calote.
Fazer muito superavit primário não tem só
esse lado bom de guardar dinheiro para pagar as dívidas. O governo realiza essa
economia aumentando impostos e deixando de gastar, por exemplo, em
investimentos em obras e serviços.
Isso prejudica o crescimento da economia:
as empresas investem menos, contratam poucos trabalhadores ou chegam a
demiti-los. Tudo isso enfraquece o desenvolvimento econômico.
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