Ex-diretor do Banco do
Brasil é preso na Itália
Considerado
foragido desde novembro, Henrique Pizzolato foi preso em operação conjunta
entre Polícia Federal e polícia italiana; ele foi condenado a 12 anos e sete
meses de prisão por envolvimento no mensalão
Fausto
Macedo/AE
Pizzolato é preso na Itália. Foto: AE. |
O
ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, condenado a 12
anos e sete meses de prisão no processo do mensalão, foi preso na Itália, após
operação conjunta das polícias brasileira e italiana. Ele estava foragido desde
novembro do ano passado.
Por ter dupla cidadania, Pizzolato não
podia ser extradidato. Ele mesmo comunicou a fuga, em carta divulgada pelo
advogado Marthius Sávio Lobato, no dia seguinte à ordem de prisão decretada
pelo Supremo Tribunal Federal, em 15 de novembro.
Pizzolato foi condenado pelos crimes de
corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato e cumprirá a pena em regime
fechado. O nome do ex-diretor do Banco do Brasil foi incluído na lista de
procurados da Interpol. Desde então, o governo brasileiro avaliava como
extraditar Pizzolato.
O ex-diretor decidiu deixar o Brasil em
direção à Itália em setembro, quando o Supremo Tribunal Federal rejeitou seus
primeiros embargos de declaração - tipo de recurso que questiona a clareza das
decisões - à sentença que o condenara à prisão por peculato (apropriação
criminosamente, por servidor, de dinheiro público), lavagem de dinheiro e
corrupção passiva.
A fuga. O plano de fuga de Pizzoloto teria
começado ainda em setembro. O ex-diretor fez uma viagem de 1.600 quilômetros,
20 horas de estrada, duas paradas para abastecer o carro e refeições de
biscoito, banana e água. O petista foi inicialmente para Buenos Aires, na
Argentina, onde, já com outra via do passaporte italiano - a primeira fora
entregue à Justiça do Brasil, com o documento brasileiro -, tomou um voo para a
Itália.
A operação secreta que retirou Pizzolato
do Brasil foi arquitetada com ajuda de um grupo restrito. Seria, porém, do
conhecimento prévio de alguns petistas, entre eles Dirceu. Ao saber da
disposição do ex-diretor do Banco do Brasil de deixar o Brasil e continuar
lutando por sua absolvição na Itália, o ex-ministro da Casa Civil, condenado a
mais de dez anos por comandar o mensalão, não teria se oposto, embora não
soubesse de detalhes do plano.
Antes da partida, ocorrida alguns dias
depois do 7 de setembro, Pizzolato, que tem dupla nacionalidade fez algumas
avaliações. Uma das mais importantes envolveu o tratado de extradição
Brasil-Itália, que desobriga as partes de extraditar para a outra seus
nacionais e abre a possibilidade de abertura de novo processo, de acordo com a
respectiva legislação local. Esse mecanismo era justamente o que o ex-diretor
do BB queria para que seu caso fosse examinado, segundo argumenta, apenas sob a
ótica jurídica.
Militante. Pizzolato ocupava a diretoria do Banco
do Brasil como filiado ao PT e militante da sigla desde a sua fundação. No
mensalão, foi acusado de liberar irregularmente o repasse de R$ 73 bilhões da
Visanet para a DNA Propaganda, agência de publicidade da qual Marcos Valério
era sócio. Ele chegou a concorrer a vice-governador do Paraná pelo PT em 1994,
mas sem sucesso. Também foi presidente do Sindicato dos Bancários em Toledo
(PR) e da CUT no Estado.
Antes de assumir a diretoria do Banco do
Brasil, foi diretor da Previ, fundo de pensão dos funcionários da instituição,
numa época em que a diretoria era dividida em correntes ligadas ao então
secretário de Comunicação do governo federal Luiz Gushiken e José Dirceu.
Pizzolato participava da ala mais ligada a Dirceu.
Câmara decide na próxima semana se abre processo de cassação
de João Paulo
Mesa
Diretoria também vai discutir se suspenderá salário e demais benefícios ao
deputado, preso por envolvimento no mensalão
O Estado de S. Paulo
A Mesa Diretora da Câmara deve decidir na
próxima semana se abrirá processo de cassação contra o deputado João Paulo
Cunha (PT-SP), preso nessa terça-feira, 4, por envolvimento no mensalão. A Casa
também vai decidir se suspenderá o salário e demais benefícios a que o
parlamentar tem direito.
Deputado João Paulo é preso na Ação Penal 470/STF. Foto: AE. |
Antes de ser preso, João Paulo Cunha
reafirmou que não pretende renunciar ao mandato, diferentemente dos outros três
deputados condenados no julgamento, José Genoino (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT) e
Valdemar Costa Neto (PR-SP). Em 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF) já se
manifestou pela perda automática de mandato em casos de condenação.
A Mesa Diretora decidiu, em julho do ano
passado, suspender os benefícios do deputado Natan Donadon (sem partido-RO),
preso na Penitenciária da Papuda, em Brasília. O presidente da Câmara, Henrique
Eduardo Alves (PMDB-RN), determinou a interrupção do pagamento do salário, das
verbas de gabinete e a entrega do apartamento funcional, mesmo após Donadon ter
o mandato mantido pelos colegas em sessão que analisou o pedido de cassação.
O caso de João Paulo Cunha, no entanto, é
considerado diferente pois o petista foi condenado a regime semiaberto. Donadon
cumpre pena em regime fechado. A diferença poderá interferir na decisão da Mesa
Diretora.
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