segunda-feira, 19 de abril de 2010

19 de abril: Todo dia é dia de Índio...


POVOS INDÍGENAS BRASILEIROS:  SÉCULOS DE ESPOLIAÇÃO E CARNIFICINA

 França Neto*
Mais de cinco séculos se passaram na constituição efetiva da civilização brasileira, como povo e nação, e nós, rotulados com a roupagem da empáfia civilizatória, nunca aprendemos a respeitar os povos e as civilizações primitivas: os índios e a nações quilombolas. São quinhentos anos de quê,  desde o início da nossa civilização, para esses povos? Prefigura-se nessa trajetória trágica: humilhação, espoliação e chacina aos povos primatas de nosso País, com condimentos para o desenvolvimento de uma sociedade doentia, que segue fielmente as regras de etiqueta das aparências, ao se dissimular como ‘moderna’.
De lá para cá, o cenário permanece inalterado até os nossos dias de ‘tempos modernos’, com mortandade, chacina, extermínio, genocídio – carnificina perpetrada pela nossa dita ‘civilização’ para com as sociedades mais primitivas no Brasil.
Nesses tempos modernos em nossa sociedade, queimamos índio em praça ou via pública, como ocorreu no assassinato brutal e covarde do Índio Pataxó, Galdino dos Santos, 45 anos, quando foi ateado fogo em seu corpo, por cinco rapazes de classe média alta, enquanto ele dormia em um ponto de ônibus em Brasília-DF, no dia 20 de abril de 1997.
Passados 13 anos da morte estúpida do Índio Pataxó, Galdino, o que então comemorar neste 19 de abril? Absolutamente nada a comemorar, quando se observa pelo noticiário de TV e dos jornais impressos/online, da Capital Mineira, que a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) entrou em confronto, no domingo (18/04), com dezenas de índios, impedindo-os de venderem seus produtos na principal Feira de Artesanato de BH, Avenida Afonso Pena [coração da cidade], onde houve muita discussão e empurra-empurra, por parte dos fiscais da PBH,  os quais alegavam que o grupo de índios não tinha licença da prefeitura para fazer o comércio no local. Faltando, portanto, no episódio, o bom senso, equilíbrio e o grau de civilidade dos fiscais para lidar com os povos indígenas, advindos de diversos territórios mineiros, que estavam ali, na Capital, não apenas para comercializar produtos, mas, sim, para comemorar o seu dia, sob formas de protestos, danças e arte, ou mesmo, a exposição de seus produtos e artesanatos.
Dos 510 anos de massacre ao índio, no Brasil, com matança, escravismo, catequização forçada, incineração de índio em praça pública, estima-se, segundo dados oficiais da Fundação Nacional do Índio (Funai), que hoje, no território brasileiro, vivem cerca de 460 mil índios, distribuídos entre 225 sociedades indígenas, que perfazem cerca de 0,25% da população brasileira. A população indígena se distribui com alguns de seus principais povos, como Pataxó, Xakriabá, Krenak, Maxakali, agregando, também, o tronco dos guaranis; dos troncos Tupi, Macro-Jê e Aruak, Família, como: Karib, Pano, Maku, Yanoama, Mura, Tukano, Katukina, Txapakura, Nambikwara e Guaikuru. Além disso, o tronco dos timbiras. como: Krikatí, Ramkokamekrá (Canela), Apinayé, Krahó, Gavião (do Pará), Pükobyê e Apaniekrá (Canela).
Diante desse contexto trágico, cabe perguntar a nós mesmos: que civilização é esta, no Brasil, que agride, ofende, mata ateando fogo e extermina as suas nações étnicas primitivas, cuja cultura é tão importante no nosso aprendizado civilizatório quanto no esboço do nosso desenvolvimento como  ‘povo moderno’? Nessa data, apesar de nada a comemorar, é preciso reafirmar com todas as letras: TODO DIA É DIA DE ÍNDIO.
*Mestre em Administração Pública; Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, pela FJP/Belo Horizonte (MG); Bacharel em Comunicação Social e Graduando em Pedagogia; Professor da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Departamento de Métodos e Técnicas Educacionais – DMTE/CCH e Jornalista

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