terça-feira, 27 de abril de 2010

Eleições MG 2010: Entrevista



22/04/2010

 Patrus Ananias, ao lado do deputado estadual André Quintão (PT)

Típico apaziguador e "homem de paz" do PT, Patrus Ananias, ex-ministro do Desenvolvimento Social, é extremamente ponderado quando fala sobre a disputa ao governo de Minas Gerais. Sabe, apesar de não admitir, da pressão de Brasília para que o candidato na corrida ao Palácio da Liberdade seja o peemedebista e ex-ministro Hélio Costa. No entanto, o ex-prefeito de Belo Horizonte está rodando Minas e mantém disposição de enfrentar o colega de partido Fernando Pimentel nas prévias de 2 de maio.

Patrus tenta ficar longe da parte mais rasa da briga entre PT e PMDB e diz que só pretende realizar seu sonho: "eu quero ser governador de Minas". Ele entende que o conflito está armado, mas diz que eles são saudáveis e precisam ser resolvidos. "Só não há conflito na ditadura. E também nos partidos onde as coisas são decididas de cima para baixo", afirma.
Em entrevista ao Terra, o ex-ministro disse que, se não houver acordo, o jeito será formar dois palanques no Estado. Segundo Patrus, tudo será discutido na base de muita conversa. E de muita escuta.

Qual a sua postura hoje em relação às dificuldades em se fechar a aliança PT/PMDB para a disputa ao governo de Minas?
Estamos com o pé na estrada e com uma aceitação muito boa. Domingo viajei pelo interior de Minas, sendo muito bem recebido. Ontem tive um grande apoio e uma ampla participação da juventude em um encontro com a militância em Belo Horizonte, e eu estou muito satisfeito com a resposta das pessoas.

Apesar do grande dilema que se instalou no centro do partido?
Na verdade, o PT está vivendo a sua história de democracia interna. As prévias (escolha do candidato pelo voto dos militantes) fazem parte da tradição do partido. O que temos de maior patrimônio são os nossos filiados. Na grave crise de 2005 (escândalo do mensalão) foi extraordinária a participação dos militantes no PED (Processo de Eleição Direta), que mostrou a força do partido. Veja você: até o governador Aécio Neves tentou emplacar as prévias no seu partido. E eu acho que ele estava certo.

Alguma chance, mesmo que mínima, de as prévias de 2 de maio não acontecerem?
As prévias irão acontecer de qualquer forma. A direção estadual já decidiu, a direção nacional já aceitou, o próprio José Eduardo Dutra (presidente nacional da sigla) confirmou as prévias. Então, o processo já está em curso, tanto envolvendo a nacional quanto a estadual. Além disso, estamos fazendo uma prévia muito ética, uma disputa muito elevada. Quem vencê-las será o candidato (ao governo do Estado). Ou, ao menos, será o nome que iremos apresentar ao povo de Minas.

Depois que virou governo a impressão que se tem é que existem dois PTs: o da direção nacional, duro, e aquele outro PT, dos Estados e municípios...
Não acho que o PT da direção nacional seja um PT mais duro. Sou do diretório nacional, tenho boa interlocução com o presidente nacional, com o presidente Lula, fui ministro do presidente Lula por seis anos, e não há essa coisa não. O fato é que o PT cresceu e tudo que cresce acabando abrindo espaço de debate, de conflito. Só não há conflito na ditadura. E também nos partidos onde as coisas são decididas de cima para baixo. Os conflitos têm que ser processados e decididos. O que nos une é o projeto nacional - da candidatura de Dilma Rousseff - e nenhum Estado é mais ligado à integração e desenvolvimento do Brasil do que Minas Gerais. Agora, é importante lembrar que o projeto nacional não se dá numa abstração, ele se articula com projetos de desenvolvimento regional e estadual.

O ex-ministro Hélio Costa baixou um pouco o tom do discurso depois de atritos públicos com o PT. Ainda é possível pacificar a aliança?
Nós temos uma relação boa, fraterna e de amizade com o ministro Hélio Costa, isso precisa ficar claro. Nós queremos uma aliança com o PMDB. Estamos sintonizados com o presidente Lula, mas queremos uma aliança a ser construída e onde o PT seja ouvido. Desde que me coloquei como pré-candidato há alguns meses eu tinha um desejo, que hoje é forte: "eu quero ser governador de Minas". Eu tenho experiência para isso e quero contribuir com o Estado de Minas.

Mesmo abaixando o tom, todos sabem que Hélio Costa se coloca de forma muito áspera às vezes e nada maleável. É possível desarmá-lo?
Eu mantenho a tese de candidatura única, agora, se não for possível, vamos para dois palanques. Temos tempo, temos prazo. A situação do PT estava muito confusa com dois candidatos. Agora vamos apresentar um nome só, para podermos conversar. Precisamos é lembrar que temos uma militância, uma juventude, inúmeros aliados que precisam ser ouvidos e respeitados.

O senhor acredita mesmo que apenas com o reforço de militantes o PT de Minas bancaria sair para a briga sem o PMDB?
Bom, você sabe que a cada dia as suas preocupações, como diz o Evangelho. Também gosto de repetir o Tancredo (Neves), que sempre falava: "a cada dia sua agonia". Mas eu ainda gosto de dizer outra coisa: "a cada dia a sua alegria". Minha posição sempre foi e sempre será por uma aliança ética e democrática. Uma aliança onde o PT, que é muito forte em Minas e no Brasil, seja ouvido e respeitado. Estou pronto para ser candidato, mas, claro, atento às movimentações e aos desdobramentos das nossas conversas. 

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Eleições MG 2010





Antes mesmo de vigorar o deadline oficial  para as candidaturas nas eleições deste ano, ou seja,  o prazo limite, no calendário eleitoral, que foi definido pelo Tribunal Superior Eleitor (TSE) para junho,  data a partir da qual será permitida a realização de convenções destinadas a deliberar sobre coligações e escolher candidatos a presidente e vice-presidente da República, governador e vice-governador, senador e deputados (federais e estaduais), a disputa pelo governo de Minas Gerais trava uma forte batalha nas últimas semanas de maio próximo.

Os pré-candidatos, Antônio Anastasia (PSDB), atual governador; Patrus Ananias (PT), ex-ministro do governo Lula, no Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Fernando Pimentel (PT), ex-prefeito de BH, Maria da Consolação Rocha (PSOL), professora universitária e ex-candidata ao senado na eleição de 2006; e, Hélio Costa (PMDB), ex-ministro do governo Lula, no Ministério das Comunicações, duelam intensamente na corrida ao Palácio da Liberdade (sede do governo mineiro em Belo Horizonte).


De acordo com o Instituto Data Folha, da Folha de S. Paulo, o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), tem vantagem sobre os demais possíveis candidatos, segundo pesquisa de intenção de votos realizada em março deste ano com 1.073 eleitores, traçando, para isso, dois cenários para o governo do estado, nas eleições de outubro.

Veja  a seguir:
Pesquisa Eleições MG 2010
CENÁRIO 1
CENÁRIO 2
Hélio Costa (PMDB) - 41%
Patrus Ananias (PT) - 11%
Antonio Anastasia (PSDB) - 5%
Maria da Consolação Rocha (PSOL) - 4%
Em branco/nulo/nenhum - 22%
Não sabe - 17%
Hélio Costa (PMDB) - 37%
Fernando Pimentel (PT) - 24%
Antonio Anastasia (PSDB) - 4%
Maria da Consolação Rocha (PSOL) - 3%
Em branco/nulo/nenhum - 17%
Não sabe - 14%
Fonte: Datafolha – março

sábado, 24 de abril de 2010

CONAE 2010: desafios da educação

 Francisco das Chagas Fernandes*

A lógica política e os processos que envolvem a proposição e a materialização de políticas públicas no Brasil por meio de leis, regulações, ações e programas, historicamente tem se pautado por políticas governamentais que, nem sempre, contam com a participação efetiva da sociedade brasileira. Visando contrapor a esse cenário e objetivando contribuir para a construção de políticas de Estado destacam-se as experiências de realização de conferências nas diversas áreas, desencadeadas pelo Governo Lula, que propiciam avanços no sentido de garantia de democratização e efetiva participação dos diferentes setores da sociedade civil e políticas.

A realização da Conferência Nacional de Educação (Conae), no período de 28 de março a 01 de abril de 2010, traduz esse movimento. A Conae foi precedida , em 2009, por conferências municipais, regionais e estaduais que contabilizaram a participação de mais de um milhão de pessoas envolvendo representantes dos setores público e privado, pais, estudantes, professores, funcionários, dirigentes, representantes de organizações sociais, entre outros.

Tal processo, construído coletivamente, visa estabelecer as bases e diretrizes para as políticas de Estado envolvendo a discussão de temáticas relacionadas aos diversos níveis, etapas e modalidades da educação nacional. É fundamental ressaltar, ainda, que todo esse esforço visa contribuir para a consolidação do novo Plano Nacional de Educação (2011-2020) e a conferência se coloca como espaço político da maior importância nessa construção coletiva. Nessa direção, as conferências que a precederam e a Conae têm como tema geral « Construindo um Sistema Nacional Articulado de Educação: Plano Nacional de Educação, suas Diretrizes e Estratégias de Ação.

Com o apoio do Ministério da Educação e a atuação ativa da comissão organizadora nacional, composta por representantes de entidades nacionais representativas na área, criou-se três comissões para apoiar a estruturação das conferências: Infraestrutura, mobilização e sistematização. A comissão organizadora nacional responsabilizou-se pela aprovação de um documento referência para ser objeto de debates e deliberações estruturado em seis eixos: 1) Papel do Estado na Garantia do Direito à Educação de Qualidade: Organização e Regulação da Educação Nacional; 2) Qualidade da Educação, Gestão Democrática e Avaliação; 3) Democratização do Acesso, Permanência e Sucesso Escolar; 4) Formação e Valorização dos Profissionais da Educação; 5) Financiamento da Educação e Controle Social; 6) Justiça Social, Educação e Trabalho: Inclusão, Diversidade e Igualdade.

Este documento foi amplamente discutido nas conferências municipais, regionais e estaduais e como resultado desse processo foram enviadas 5300 propostas de alteração, complementação ou inclusão de emendas e que, uma vez incorporadas ao texto, passam a fazer parte do documento base que será objeto de discussão e deliberação coletivas na Conae. Há uma expectativa de participação de 4.000 pessoas na Conae, destacando-se a presença de 2.800 delegados oriundos das 27 unidades federativas e de diferentes representações.

A expectativa é que, tendo em vista o processo de participação ampla, possamos avançar no sentido da construção das bases para a proposição de um Sistema Nacional de educação. Primeiro pela disposição da sociedade brasileira em afirmar a educação como “centro das atenções” das políticas públicas para o desenvolvimento do nosso país; segundo, pela visão sistêmica que se busca implementar com a participação dos entes federados objetivando instituir uma cultura de maior articulação e melhoria nos processos de gestão de políticas, programas e ações direcionados a otimização do acesso e dos processos de gestão com a garantia de qualidade.

Nesse sentido, as temáticas se articulam nos eixos propostos e, portanto, a criação de um sistema nacional de educação vincula-se diretamente às concepções de educação, de regulação, de qualidade, de gestão democrática, de financiamento e da definição de custo aluno/qualidade, da efetiva formação e profissionalização dos trabalhadores em educação, de ampliação das oportunidades educacionais para todos e da melhoria do processo ensino-aprendizagem. Não por acaso, a Conae pauta, ainda, a discussão e avaliação do atual Plano Nacional de Educação (PNE) objetivando contribuir com a construção do novo plano, entendido como espaço de mobilização e participação ativa da sociedade. Ou seja, compreendendo o novo PNE como uma política de Estado que terá no sistema nacional de educação e nas conferências vindouras como eixo estruturante a permanente participação das sociedades civil e política na definição da agenda da educação nacional, suas políticas e programas.

Todos esses indicadores nos revelam a importância desse processo, a força mobilizadora em que ele se reveste e a constatação de que a Conae «ganhou o Brasil » retomando uma fala de um companheiro que coordenava a conferência no Amapá e que faleceu recentemente. Nesse sentido, concordo que a conferência ganhou o Brasil e que o país ganha com esse processo de construção e participação democrática que será, certamente, consolidado na Conae e nas etapas posteriores. É com esse sentimento e diretriz política que se espera que as deliberações da Conferência Nacional de Educação contribuam, efetivamente, para a construção de políticas públicas de Estado para a educação nacional como fruto da mobilização e discussão da sociedade brasileira.
  
*Secretário Executivo Adjunto do Ministério da Educação e Coordenador da Conferência Nacional de Educação


FATOS DA SEMANA

Mapa Geopolítico do Rio São Francisco

Mapa Geopolítico do Rio São Francisco
Caracterização do Velho Chico

Vocé é favorável à Transposição do Rio São Francisco?

FN Café NEWS: retrospectiva