segunda-feira, 30 de maio de 2016

Ex-deputado Nárcio Rodrigues (PSDB-MG) é preso por desvio de R$ 14 milhões de verbas públicas em obras da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior entre 2012 e 2014

Operação do MPMG prende ex-presidente do PSDB, aliado de Aécio e ex-secretário de governo Anastasia
Ex-deputado Nárcio Rodrigues (PSDB-MG) é preso por desvio de R$ 14 milhões. Foto: Jornal O Tempo/BH. 
Com Folha de S. Paulo Bela Megale/Flávio Ferreira/De São Paulo E José Marques/ De Belo Horizonte
O ex-secretário de Ciência e Tecnologia do governo Antonio Anastasia e ex-presidente do PSDB de Minas Gerais Narcio Rodrigues (PSDB-MG) foi preso nesta segunda (30) na operação Aequalis, deflagrada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).

Rodrigues é visto como homem forte de Anastasia e também do senador Aécio Neves (PSDB-MG), chegando a despontar como um de seus principais interlocutores quando foi deputado federal e Aécio, governador de Minas.

A operação investiga o envolvimento de agentes públicos de Minas Gerais e empresários brasileiros e portugueses em esquema de desvio de recursos públicos envolvendo a construção e projetos da "Cidade das Águas", desenvolvida pela Fundação Hidroex. Segundo auditoria da Controladoria-Geral do Estado os valores desviados entre 2012 e 2014 superam R$ 14 milhões.

A Cidade das Águas fica localizada em Frutal, município de Nárcio Rodrigues e sua base eleitoral. Segundo dados do Ministério Público, foram cumpridos 27 mandados de busca e apreensão em Belo Horizonte, Frutal, Uberaba, Conselheiro Lafaiete, São João Del Rei e São Paulo.

Além da prisão temporária de cinco dias de Rodrigues, também tiveram prisão preventiva decretada Neif Chala (ex-servidor da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado de Minas Gerais), Alexandre Pereira Horta (engenheiro do Departamento de Obras Públicas de Minas Gerais), Luciano Lourenço dos Reis (funcionário da CWP Engenharia), Maurílio Reis Bretas (sócio administrador da CWP Engenharia), e o português Hugo Alexandre Timóteo Murcho (Diretor no Brasil da multinacional portuguesa Yser e da empresa Biotev Biotecnologia Vegetal). Os presos foram conduzidos à Penitenciária Nelson Hungria, na região metropolitana de Belo Horizonte.

O presidente do grupo português Yser Bernardo Ernesto Simões Moniz da Maia está foragido.
A investigação começou com auditorias da Controladoria-Geral do Estado de Minas Gerais.

Em nota, o governo atual, comandado pelo petista Fernando Pimentel, afirma que a auditoria abrangeu "diversos termos de cooperação técnica, convênios de transferências de recursos federais e outras parcerias, sendo todos firmados entre 2007 e 2014".

A assessoria de imprensa do PSDB ainda não se manifestou.

"Os relatórios da auditoria foram encaminhados ao Ministério Público Estadual para as providências necessárias", diz o comunicado. A Secretaria de Ciência e Tecnologia mineira diz que "encontra-se à inteira disposição de todos os órgãos de fiscalização para eventuais esclarecimentos".
A Operação foi batizada de Aequalis, e significa "igualdade", em latim.

LICITAÇÃO
Além do ex-deputado, outro preso foi o empresário Maurílio Bretas, dono da Construtora CWP (Construtora Waldemar Polizzi), que pertenceu a parentes de Anastasia até quatro meses antes de ele assumir o governo mineiro em 2010.

Em abril a Folha revelou que a empresa era investigada pela Controladoria-Geral de Minas Gerais por ser beneficiária de desvios de R$ 8,6 milhões do Hidroex e por ter deixado de pagar aos cofres públicos uma taxa de fiscalização da licitação no valor de cerca de R$ 400 mil.

No processo licitatório, a CWP despontou como vencedora por ser a única entre as cinco participantes que apresentou responsável técnico com capacitação suficiente para a obra. Apesar de já ter vendido a CWP, foi o próprio Waldemar Anastasia Polizzi, primo em primeiro grau do hoje senador, quem ocupou assinou a documentação como responsável pela obra.

'VERÁS QUE UM FILHO TEU NÃO FOGE À LUTA'
Na votação da aprovação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara, o deputado Caio Nárcio (PSDB-MG), filho de Rodrigues, votou pelo afastamento da petista citando a honestidade do pai.

"Por um Brasil aonde meu pai e meu avô diziam que decência e honestidade não eram possibilidade, eram obrigação", disse Caio antes de votar a favor do impeachment. O deputado encerrou a fala com a citação: "Verás que um filho teu não foge à luta".

Caio Nárcio acompanhou o pai até a sede do Ministério Público na manhã desta segunda.

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