sábado, 25 de dezembro de 2010

Natal: Christmas Day


Manoel Hygino dos Santos*
A marcha inexorável do tempo nos trouxe o Natal e logo nos levará ao novo ano. Não nos atormenta mais a dúvida de Machado - se mudou o Natal ou se mudamos nós. Mudamos ambos, e muito. Envelhecemos? O mundo envelheceu? Em todo caso, novas gerações surgiram e vão surgindo, enquanto instrumentos moderníssimo descobre novos astros, de causar inveja à lua.
Para a poeta, e agora ficcionista Andreia Leal, cada fase da vida tem seu encantamento. Envelhecer, por exemplo, é extremamente encantador, porque inicialmente demonstra que vivemos. E observa: primeiros fios de cabelos brancos, primeiras rugas, primeiros passos trôpegos, experiência acumulada. Segundos e horas são extremamente valorizados, mais apego às pessoas do que aos bens materiais. Indubitavelmente, há beleza nesta fase.
Os que somam mais idade se aprazem em fazer comparações entre o pretérito e o presente quase sempre achando que aquele é melhor do que este, que havia antes mais paz entre os homens de boa vontade. Ao mais jovens pouco importam estas opiniões e as lições sequer são bem assimiladas.
Quando se aproxima o Natal, período mais festivo da cristandade, os cronistas, os publicitários, garimpam a frase lapidar, a mensagem mais apropriada ao evento histórico da importância do nascimento de Jesus, o Cristo, o Messias.
Não se admite que tudo o que poderia ou deveria ser dito já o foi. Se Jesus, Cristo, se renova cotidianamente no coração dos homens, seria não seria crível que estes nada tivessem de novo para reverenciar o que veio e a lição que aqui deixou plantada com seu ensinamento.
As boas palavras, os votos bons, nascem espontaneamente dos corações de bem e do amor. Não se necessita rebuscar no vocabulário palavras especiais, porque especiais são aquelas que expressam o que há no mais profundo de nosso íntimo.
Olhamos em derredor e verificamos como há carências materiais e espirituais. Essencial é que nos disponhamos a dividir o que temos com de quem precisa e confia. O Natal, nascido da inspiração do bebê de Belém - e mais de dois milênios são transcorridos - propõe que sejam os homens iguais em solidariedade ao longo dos 365 dias de cada ano, e que seja um reiterado ato de fé e de estender as mãos, para dar e merecer receber.
Precisamos de confiar no tempo que se vive e no outro que está por chegar, depois que o dezembro de agora se inserir no calendário pretérito. Há de fazer-se do dia de hoje e o de amanhã o milagre do bem, para que possamos também merecê-lo. O Natal exige que se faça da oportunidade mensageira de esperança, de que os tempos por vir afastem o mal do coração dos homens.
Esta época mágica tem de ser mais do que uma promoção comercial ou ensejo para reuniões sociais formais. Seu alto sentido social e humano tem de ser abrigado no recinto mais profundo e íntimo de nosso ser.
Só assim o Natal será efetivamente Natal.
   * Manoel Hygino é jornalista e escritor em Belo Horizonte (MG) e colunista do jornal “Hoje Em Dia” em BH.

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