sexta-feira, 21 de agosto de 2015

‘VELHO CHICO’: Dilma entrega nesta sexta (21) a primeira Estação de Bombeamento do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco

Integração do rio São Francisco chega a 77,8% das obras concluídas
De acordo com o governo federal, o Projeto de Integração do Rio São Francisco vai garantir segurança hídrica de 12 milhões de pessoas em 390 municípios. O empreendimento gerou 9.980 empregos. Fotos: Guilherme Rosa/Blog do Planalto.
Com Ascom - Blog do Planalto/Adaptações FN Café NEWS
CABROBÓ (PE) – A presidente Dilma Rousseff entrega logo mais nesta sexta-feira (21) a primeira Estação de Bombeamento (EBI-1) do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF). A estrutura levará a água por 45,9 quilômetros até o reservatório de Terra Nova, localizado em Cabrobó (PE). Com isso, o PISF chega a 77,8% das obras concluídas. O investimento nesse trecho é de R$ 625 milhões.

Em entrevista na manhã desta sexta-feira (21) à rádio Grande Rio, de Pernambuco, a presidentaDilma Rousseff afirmou que o Projeto de Integração do Rio São Francisco (Pisf) concluirá as obras até o final de 2016. O empreendimento, que terá 477 quilômetros de extensão, vai garantir a segurança hídrica de 12 milhões de pessoas em 390 municípios espalhados pelos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

Dilma inaugurou hoje a primeira estação de bombeamento do Eixo Norte da integração e 45 km de canal do Eixo Norte. Durante a cerimônia de inauguração, a presidente da República disse: “Estamos concluindo todos os 477 km da integração do São Francisco até dezembro do ano que vem e essa é a maior obra de segurança hídrica do Brasil. Não controlamos o padrão de chuvas no Brasil, temos de conviver com ele. Acredito que essa obra vai mudar o Brasil nessa área do Semiárido. Vai garantir água para a região que, ao longo da história brasileira, tem sofrido mais a falta de água”, discursou Rousseff. 
Dilma com trabalhadores na cerimônia de entrega da Estação EBI-1 e de 45 km de canal do Eixo Norte, do Projeto de Integração do São Francisco. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
 Dilma falou também sobre a inauguração da estação de bombeamento em Cabrobó nesta sexta-feira. “Essa estação vai pegar água embaixo do São Francisco, levar ela para cima, e a partir daí temos um canal já pronto de 45 a 46 quilômetros. Esse canal do Eixo Norte vai permitir armazenar água nos canais e nos reservatórios que vão ficando prontos. Armazenar água garante que nos momentos em que houver seca, nós possamos fornecer água para a população, tanto para acabar com a sede da população quanto para dar água aos animais e para as plantações.”

Além da integração, outros empreendimentos para o combate aos efeitos da seca também estão em curso. Dilma citou as obras no perímetro de irrigação do Pontal. “São muito importantes, porque e agricultura desenvolvida vai beneficiar bastante um número significativo de produtores rurais.”Outras obras importantes, disse, são a Adutora do Agreste, que está em obras; a Adutora do Pajeú, que já teve concluída a primeira etapa; e a Adutora do Oeste, que já foi entregue.



Enquanto a totalidade das obras não é concluída, explicou Dilma, o governo continuará atendendo a população com carros-pipa. “Nós vamos continuar com os carros-pipa enquanto não passar essa crise de água. Nós temos 1.873 carros pipa em Pernambuco, atuando sistematicamente.” Mas o objetivo, destacou a presidenta, é concluir as obras da integração e assim garantir que tenha água com segurança em Pernambuco e em todo o Nordeste. “E essa água com segurança é a água que não vai precisar dos carros pipas. É isso que nós queremos: é libertar a população dos carros-pipas.”

Testes de bombeamento no Projeto de Integração do Rio São Francisco:

A água é captada no rio São Francisco até a estação. “Lá, ela é bombeada para uma parte superior, que é um grande reservatório. São dois conjuntos de motobomba com vazão de 12,4 m³/segundo que elevam a água a uma altura de 36 metros, o que corresponde a aproximadamente a um edifício de 12 andares. A potência de cada motor é de 5,5MW”, explica o diretor de projetos estratégicos do Ministério da Integração Nacional (MI), Róbson Botelho.

A estação tem capacidade de bombear a água do São Francisco por sete quilômetros, até o primeiro reservatório de Tucutú. Em seguida, a água correrá por quatro aquedutos até Terra Nova, segundo reservatório do Eixo Norte. Tucutú estará cheio em 39 dias, com a bomba em operação durante 16 horas diárias, cinco dias por semana. Após essa etapa, serão necessários mais 18 dias para encher o reservatório Terra Nova. Enquanto isso, as obras da segunda Estação de Bombeamento (EBI-2) do Eixo Norte estarão em fase de conclusão.

Dois conjuntos de motobomba elevam a água a uma altura de 36 metros, permitindo que ela corra no canal por 45,9 km até o reservatório de Terra Nova, em Cabrobó (PE). Fotos: Guilherme Rosa/Blog do Planalto.
Para Botelho, essa obra é emblemática para o Nordeste e vai trazer uma nova etapa de desenvolvimento. “Ela tem uma importância fundamental para suprir essa grande deficiência que o Nordeste enfrenta de secas seguidas. Estamos hoje com cerca de quatro anos com reservatórios em baixa. Eu diria que a transposição vem a ser uma espécie de redenção do Nordeste. Não tenho dúvida de que isso vai dar um impulso grande ao desenvolvimento da região”, diz diretor do Ministério MI.

Com 6.836 trabalhadores, o Eixo Norte abrange a construção de 15 reservatórios, oito aquedutos, três túneis, canais, além das três estações elevatórias. A entrega faz parte da pré-operação da obra e testes são iniciados para verificação dessas estruturas, antes do recebimento definitivo das águas do rio. Nessa fase, além do funcionamento da EBI-1, são monitorados os sistemas elétricos e de telecomunicações, painéis, válvulas e motores, que compõem a estação elevatória.

Preservação do rio
Segundo a Agência Nacional das Águas (ANA), o PISF pode captar 26,4 m³/segundo, mesmo em períodos de seca. Isso representa 1,4% da vazão média do rio, ou seja, duas colheres de sopa para cada litro d’água despejado no mar. Na cheia, a captação pode chegar a 127 m³/segundo sem prejudicar o rio.

Além disso, o Ministério da Integração Nacional já investiu cerca de R$1,7 bilhão em ações de revitalização no rio. O total aprovado pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para esse fim é de R$ 2,5 bilhões.

Projeto São Francisco
O Projeto de Integração do Rio São Francisco vai garantir segurança hídrica de 12 milhões de pessoas em 390 municípios espalhados pelos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Foram 9.980 empregos gerados nos dois eixos e mais de três mil equipamentos estão em operação.

O projeto é composto por 477 quilômetros de extensão, organizados em dois eixos de transferência de água: Norte, com 260 quilômetros, e o Leste, com 217. A previsão do final das obras é entre dezembro de 2016 e início de 2017.

“Nunca pensei que depois de velho teria a felicidade de ganhar casa e terreno pra trabalhar”
O sr. José Manoel da Silva, 76 anos, e a família foram beneficiados pelo Programa de Reassentamento do projeto São Francisco que recebeu um lote produtivo irrigado. Foto: Guilherme Rosa/Blog do Planalto
REGIÃO NORDESTE/VALE DO SÃO FRANCISCO - José Manoel da Silva, 76 anos, morava de aluguel em um pedaço de terra, nos arredores de Penaforte (CE), quando ficou sabendo que os canais do Projeto de Integração do São Francisco (PISF) iriam passar pelo terreno em que ele plantava milho, feijão e arroz. A preocupação inicial deu lugar à alegria. José, assim como as famílias que trabalhavam nos terrenos desapropriados, foi um dos beneficiados por uma Vila Produtiva Rural (VPR), que faz parte do Programa de Reassentamento de Populações do projeto São Francisco.

Mesmo sem ser dono da terra antiga, José recebeu um lote urbano na Vila Produtiva Retiro, em Penaforte mesmo, com meio hectare (500m2) e uma casa construída de 100m2, além de um lote produtivo de, no mínimo, 5 hectares, com uma parte irrigada. Há poucas semanas na casa nova, o agricultor comemora a mudança em sua vida. “Coisa que eu nunca pensei na minha vida era eu chegar, depois de velho, a ter a felicidade de ganhar uma casa e um terreno para trabalhar. Eu trabalhava para os outros e agora vou trabalhar em cima do que é meu”.

O lote urbano já tem água saindo da torneira para uso diário e começar a produzir no quintal de casa, mas ainda não é suficiente para começar a cultivar no terreno produtivo. Por isso, José terá que esperar chegar água dos canais do PISF, o que deve ocorrer no ano que vem. O primeiro passo será dado nesta sexta-feira (21) quando a presidenta Dilma Rousseff entregar a primeira Estação de Bombeamento (EBI-1) do Eixo Norte, em Cabrobó (PE). Até lá, José e as outras famílias vão receber uma bolsa de um salário mínimo e meio para se manterem. “Essa ajuda está boa demais. Estou usando para fazer a feira, ajudar os filhos”, disse.

Ao lado de sua esposa, Rosa Maria da Conceição, e dois dos nove filhos, José faz planos para seu terreno novo. “Aqui vou plantar feijão e milho quando chover. Quando o tempo melhorar, tiver a água e criar pasto, eu vou comprar uma vaquinha boa de leite, comprar umas galinhas, fazer um quintalzão bem feito aqui”, planeja.

No total, 847 famílias serão beneficiadas entre 18 vilas, sendo que 80% delas não trabalhavam em terra própria. Nove vilas já foram entregues recentemente. O restante será finalizado até o final do ano. Toda as VPRs possuem rede de água, energia elétrica e esgoto, posto de saúde, escola, espaço de lazer e áreas destinadas ao comércio.

De acordo com a coordenadora geral de programas ambientais do Ministério da Integração, Elianeiva Odísio, a Vila Produtiva Rural, além de dar toda a infraestrutura para os moradores que estavam na área do PISF, diminui o impacto da seca nas famílias. “Se eles têm um lote que podem produzir com irrigação, eles não vão sofrer tanto o impacto da seca no Nordeste”. Elianeiva disse ainda que as famílias recebem acompanhamento social e capacitação para geração de renda e gestão ambiental, como cursos de técnicas de produção e uso racional da água.

Sonho realizado
A agricultora Jeane Gomes, 39, passou dificuldade com o marido e seus dois filhos quando o dono do terreno em que eles plantavam faleceu. Por conta disso, eles tiveram que ficar um período sem poder cultivar no terreno, deixando a família sem ter de onde tirar o sustento. Quando Jeane passou a ser uma das moradoras da Vila Produtiva Retiro, ela teve o seu sonho realizado.

“Essa casa aqui, e tudo que vem junto, é um grande sonho realizado pra gente. De uma infância pobre, de uma vida de muita dificuldade, hoje a gente ter uma casa e ter qualidade para morar com a família, e ter a possibilidade de trabalhar a terra, de criar animais para a nossa sobrevivência, é muito bom. Um sonho realizado, um sonho de uma vida”, conta a agricultora.

Em seu terreno, Jeane pretende criar uma horta orgânica. Já no lote produtivo, ela tem vontade de plantar uva, tomate e coentro. “A gente espera realmente poder cultivar a terra. E as possibilidades de poder ter uma cultura diversificada para consumo interno e para a cidade, até para revender para fora. (…) Então isso faz com que a gente tenha um novo sonho agora”. 

Verdura barata
Nascido e criado no povoado de São Joaquim, Ronaldo Ferreira Rocha, 46 anos, já está acostumado com a nova casa na Vila Produtiva Retiro. “Lá a morada era boa, só que, no caso, como a gente mudou para cá, é bem melhor. Não é nem de se comparar. Eu estou muito feliz e acho que todos os moradores daqui devem estar muito felizes com isso”.

Quando a água chegar, Ronaldo quer cultivar verduras e vender na própria comunidade, além de gado e ovelha. “A verdura plantada aqui na Vila Retiro vai sair uma verdura bem melhor, mais barata e novinha, diferente da verdura que vem de longe, que vem muito sofrida. Aqui vai ser uma verdura bem mais produtiva e com melhor preço para todo mundo”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sinta-se à vontade para postar seu comentário.
Espaço aberto à participação [opinião] e sujeito à moderação em eventuais comentários despretensiosos de um espírito de civilidade e de democracia.
Obrigado pela sua participação.
FN Café NEWS

FATOS DA SEMANA

Mapa Geopolítico do Rio São Francisco

Mapa Geopolítico do Rio São Francisco
Caracterização do Velho Chico

Vocé é favorável à Transposição do Rio São Francisco?

FN Café NEWS: retrospectiva