sábado, 24 de setembro de 2016

REFORMA DO ENSINO MÉDIO: Decisão do governo federal de retirar a obrigatoriedade das disciplinas de educação física e artes do ensino médio revoltou especialistas e entidades de classe no Brasil

Especialistas e entidades de classe vão fazer pressão no Congresso Nacional contra as mudanças do ensino médio
Ao anunciar texto de Medida Provisória para reforma do ensino médio, a ser enviado ao Congresso Nacional, o governo Temer provocou indignação entre professores e educadores no País. Foto: AE.
Com Folha de S. Paulo/Adaptações de texto e imagem FN Café NEWS
BRASÍLIA (DF) - A decisão do governo federal de retirar a obrigatoriedade das disciplinas de educação física e artes do ensino médio revoltou especialistas e entidades de classe, que prometem fazer pressão contra as mudanças.

É o caso do Confef (Conselho Federal de Educação Física), que promete ir ao Congresso e aos ministérios da Educação, Esporte e Saúde para derrubar a proposta.

"Acabamos de sair de uma década de eventos esportivos, onde ficou comprovada a importância da prática de esportes, e propõem uma medida provisória na contramão disso?", questiona o presidente da entidade, Jorge Steinhilber.

"Não é uma questão de corporativismo. Todas as pesquisas confirmam que o exercício físico contribui até para a melhora do conhecimento cognitivo", afirma ele, que questiona quando os alunos vão praticar atividade física se o ensino será integral.

Presidente do Conselho Regional de Educação Física de SP, Nelson Leme da Silva Junior cita o artigo 36 da MP pelo qual "os currículos devem considerar a formação integral do aluno". "É um contrassenso."

"Quando a gente pensa na educação física, de imediato pensamos na saúde. Mas tem a formação cultural que o esporte traz: as interações sociais, o respeito à diversidade, o aprendizado de como negociar conflitos", diz o professor da UnB Alexandre Luiz Rezende, doutor em educação física e mestre em educação.

Proposta de MP do governo Temer para reforma do ensino médio
O ensino médio, maior gargalo da educação, com desempenho estagnado e altas taxas de evasão e reprovação, ganhou um plano federal focado em especialização, com a flexibilização de disciplinas e o incentivo à expansão do ensino em tempo integral.

Hoje, todos os alunos do ensino médio devem cursar 13 disciplinas em três anos. Com a mudança prevista, parte da grade (ao menos 1 dos 3 anos da etapa) será comum a todos.

Para o restante, haverá a opção de aprofundamento em cinco áreas: linguagens, matemática, ciências humanas, ciências da natureza e formação profissionalizante. Ao aluno caberá a escolha da linha na qual deseja se aprofundar. Mas a oferta dessas habilitações dependerá das redes e das escolas. Ao menos duas áreas devem ser oferecidas.

O texto, enviado ao Congresso pelo governo Michel Temer (PMDB) por meio de medida provisória, acaba com a obrigatoriedade de aulas de artes e educação física nessa etapa de ensino –essas duas disciplinas serão exigidas só no infantil e no fundamental.

A atual exigência de espanhol foi retirada, e sociologia e filosofia, hoje obrigatórias, também estão fora do texto. O governo, porém, diz que essas disciplinas (exceto espanhol) devem fazer parte da base nacional curricular, ainda em discussão e cujos conteúdos serão obrigatórios. A decisão de excluir a educação física da lista de disciplinas obrigatórias aos adolescentes ocorre um mês depois da Olimpíada do Rio. O ensino de língua portuguesa e matemática, porém, será obrigatório nos três anos do ensino médio. Todas as propostas valem para o ensino público e privado do país.


A Medida Provisória (MP) com a proposta de novo modelo de ensino médio deverá ser votada em até 120 dias e poderá ser modificada por deputados e senadores.

EDUCAÇÃO FÍSICA e ARTÍSTICA: opinião de especialistas
A medida provisória só cita a obrigatoriedade de educação física e artes no ensino infantil e no fundamental. O governo Temer alega que as disciplinas devem fazer parte da base nacional curricular, ainda em discussão e cujos conteúdos serão obrigatórios.

"O ensino de arte permite um olhar expandido para as coisas. Com a mudança, tira a possibilidade de sensação, os alunos vão se tornar anestesiados", diz a professora da Unesp Kathya Godoy, doutora em educação artística e graduada em educação física.

"Como o jovem, inserido em um contexto que lida com a imagem o tempo inteiro nas redes, vai ter um olhar diferente e não ser um mero consumidor da cultura?", diz Mirian Celeste, professora de Educação, Arte e História da Cultura no Mackenzie.
Ela afirma que a arte tem um caráter interdisciplinar e deveria estar no centro do ensino médio. "Talvez os políticos e gestores não entendam qual é o campo da arte, achem que é o campo da técnica, do desenhar bem. Estamos falando de dimensão maior, do pensamento estético e do entendimento de mundo."


 

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