sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Educação Indígena?...


No Brasil, 9,6% das pessoas de 15 anos ou mais não sabem ler e escrever, contra 23,3% entre índios; proporção pode chegar a 32,3%

Povos indígenas no Brasil: tribos do parque do Xingu. Foto: Iberê Thenório/Globo Amazônia - ago 2012.

Luciana Nunes Leal*
Embora a vida dentro das terras próprias garanta mais identidade cultural aos indígenas, alguns indicadores sociais são piores nessas áreas do que fora delas. O índice de analfabetismo na população de 15 anos ou mais, de 9,6% no País, sobe para 23,3% na população indígena em geral e chega a 32,3% entre os que indígenas que vivem em terras próprias.

Entre os índios que vivem fora das terras indígenas, a proporção cai para 14,5% de analfabetos. A explicação é a carência de escolas nas terras indígenas, segundo o IBGE.

Enquanto entre os não-indígenas 98,4% das crianças de até 10 anos têm registro em cartório, a proporção cai para 87,5% para as crianças índias que vivem fora das terras próprias e para apenas 63% entre as que vivem em terras indígenas. Nas reservas e outros territórios indígenas, 27,8% das crianaças têm apenas o Registro Administrativo de Nascimento Indígena (RANI) e 7,4% não têm qualquer registro de nascimento.

Quase 80 mil não se declaram, mas se consideram indígenas
Censo 2010 somou à população total aqueles que se declaram brancos, pardous ou negros, mas se consideram índios
O Censo encontrou 78,9 mil indígenas não declarados, mas que se somam aos 817,9 mil encontrados na pesquisa de raça, segundo dados divulgados nesta sexta-feira, 10. Em metodologia diferente dos demais Censos, o IBGE levou em conta não apenas a população que se declarou indígena ao responder o quesito sobre cor ou raça, mas contou também aqueles que se consideram indígenas, mesmo que tenham se declarado brancos, negros, pardos ou amarelos.
A soma dos indígenas declarados e não declarados inicia uma nova série histórica dos Censo. Em 2000, foram contabilizados apenas os que declararam raça indígena. Eram 734,1 mil. A população de raça indígena cresceu na década 11,4%, proporção menor do que o total da população brasileira, que aumentou 12,2% entre 2000 e 2010.
"Para muitos indígenas, cor ou raça é uma classificação dos brancos. Eles podem responder que são pardos, por exemplo, mas se considerarem indígenas. Você pode perguntar qual é raça e ele responder ‘xavante’ e não indígena ou amarelo ou branco", diz a pesquisadora do IBGE Nilza Pereira. Esses quase 80 mil que se consideram mas não se declaram índios responderam ser pardos, na maioria (67,5%). Pouco mais de 22% se disseram brancos.

Não-índios. As terras indígenas somam 567,5 mil habitantes, mas 30,6 mil (5,4%) deles não se declaram nem se consideram índios. Segundo técnicos do IBGE, essa ocupação nem sempre é conflituosa. Em muitos casos, os habitantes não-indígenas são pessoas que se casaram com índios e passaram a morar nas áreas demarcadas ou pesquisadores, agentes de saúde, de assistência social, das Forças Armadas e outros profissionais que vivem nas terras indígenas sozinhos ou com suas famílias. Há casos que chamam atenção, como da terra indígena Fulni-Ô, em Pernambuco (município de Águas Belas, no sertão), em que 18,6 mil dos 23,8 mil habitantes são não-indígenas. A localidade, no entanto, luta pela preservação de sua cultura e é uma das raríssimas etnias nordestinas que manteve a língua original.
 
40% dos índios vivem fora das terras indígenas
Brasil tem 896,9 mil índios divididos em 305 etnias e que falam 274 línguas diferentes, segundo dados do Censo 2010
RIO - Quatro em cada dez índios brasileiros vivem fora das terras indígenas reconhecidas pelo governo, apontam dados do Censo 2010 divulgados nesta sexta-feira. O País tem 896,9 mil índios (0,47% da população brasileira) divididos em 305 etnias e que falam 274 línguas diferentes. O resultado surpreendeu os técnicos do IBGE, que partiram de informações preliminares da existência de 220 a 225 etnias e 180 línguas.
Pela primeira vez, o IBGE fez o raio x do território indígena. Quase 380 mil índios (42,3% do total) vivem fora de terras próprias e 517,3 mil (57,7%) ocupam as 505 terras demarcadas, equivalentes a 12,5% do território brasileiro. Foram pesquisadas as terras regularizadas até dezembro de 2010.
Maior etnia. Também é inédito o mapeamento das etnias e das línguas indígenas. A etnia Tikuna, que se concentra no Amazonas, especialmente na área do Alto Solimões, com presença também na periferia de Manaus, é a mais numerosa do País, com 46 mil habitantes, a grande maioria (85,4%) moradora de terras indígenas. Em segundo lugar estão os Guarani Kaiowá, de Mato Grosso do Sul, com 43,4 mil habitantes, sendo 81,2% instalados em terras próprias. Os técnicos do IBGE encontraram 250 etnias diferentes entre os indígenas que vivem em terras próprias e 300 entre os que estão fora.
A análise das 505 terras indígenas regularizadas mostra que seis delas têm população de mais de 10 mil índios. A terra mais populosa é a Yanomami, localizada nos Estados de Amazonas e Roraima, e que reúne 25,7 mil indígenas. Em segundo vem Raposa Serra do Sol, em Roraima, com 17 mil índios
O Censo 2010 mostra que apenas 37,4% da população indígena fala alguma língua nativa. Entre os que vivem dentro das terras indígenas, a proporção sobe para 57,3%, mas na população que vive fora desses territórios apenas 12,7% dominam uma língua indígena. Existem ainda 16,3% de indígenas que não falam português. Nas terras indígenas, 27,9% dos moradores não falam português e fora das terras, apenas 2%. Pacheco estranhou o baixo porcentual de indígenas que falam línguas nativas.
*Publicação de O Estado de S.Paulo – 10 de agosto de 2012 | 10h 00

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